2.8.05

MP3: de quem é a culpa?

O cenário hoje em todo mundo da produção musical é de mudança. De um lado (o lado de cima) milhares (talvez milhões) de pessoas trocam arquivos de gravações musicais digitalizadas em MP3, através de seus computadores. Do outro lado (o de baixo) alguns milhões de CDs piratas são comprados por pessoas que tiveram acesso a equipamentos de som baratos, mas não tem dinheiro para comprar os CDs das gravadoras.

De um lado grandes gravadoras tendo redução de vendas, enxugando orçamentos, demitindo pessoas e gastando milhões de dólares numa gigantesca campanha de intimidação e punição contra quem?? … seus clientes! Patética situação. Parece um “harakiri comercial”. Nunca na história a grande indústria fonográfica se declarou tão preocupada com a defesa dos interêsses de seus artistas.

De outro lado empresas de hardware vendendo milhares de gravadores de CD para equipar os mesmos computadores que copiam CDs e gravam CDs domésticos com centenas de arquivos de MP3. Algumas empresas, como a Sony, possuem tanto fabricas de aparelhos eletrônicos com também de CDs e uma gravadora – a Sony Music. Outras grandes produtoras de hardware como a Apple estão vendendo MP3 players, tipo walkman, aos milhares. É a nova coqueluche nos Estados Unidos.

Não se trata aqui de defender o roubo de gravações musicais. Os criadores das obras musicais, os produtores e as pessoas que trabalharam para que o público possa usufruir música precisam ser remunerados para viver dignamente. O grande desafio é justamente estabelecer um sistem eficiente para vender estas obras a um preço justo. Mais fêz por esta causa a Apple Computers, que implementou com sucesso uma loja online de música em MP3, que está batendo recordes de vendas e provando que a maioria das pessoas está disposta a pagar pelos fonogramas digitalizados que escuta.

O que ainda não está bem discutido é o preço dos MP3. Na verdade o custo de US$ 0,99 por fonograma ainda é muito elevado. Se alguém comprar um álbum de 12 músicas vai pagar quase 12 dólares. Isto é praticamente o preço de um CD. Só que o download de arquivos elimina a fabrica de bolachinhas de plástico, o seu processo de estocagem, transporte, distribuição e venda em lojas. Por mais que hajam despesas de operação da loja online, estas não devem tão grandes quanto no sistema anterior. Assim é possível que grandes margens de lucro estejam ocorrendo. E o pior: o público está se acostumando a pagar um preço caro demais pelo dowload de música. Isto precisa ser esclarecido.

A interessante questão da indústria fonográfica ainda tem um lado interessante: a multiplicação exponencial da oferta de música no mercado. Nunca foi tão fácil gravar um CD. Vamos ver isto no próximo artigo.

Militão Ricardo
Músico, Jornalista, Produtor Musical e Professor.
mrmaya@uol.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

além de gostar da música, eu admiro a atitude dos caras do mundo livre s/a. o próximo disco deles só será vendido pela internet, com preço menor que dez pilas. acho que a aproximação entre artista e público é um caminho a ser explorado.

Angela disse...

"Nunca foi tão facil gravar um cd". Era justamente sobre isso que eu estava conversando com o carlo esses dias, depois da nossa aula ter terminado. É legal as pessoas conseguirem gravar discos assim fácil, mas até que ponto isso também é negativo? Quer dizer, esquecendo um pouco o lado comercial, isso explica a quantidade de barbaridades que a gente vê em algumas "prateleiras".
Depois que eu tomei real conhecimento do que q um bom sampler de macintosh faz, me deu vontade de fazer uma doação pra OSPA...ninguém mais é *músico*. Agora todo mundo é *artista*.
Vou ali tomar meu gardenal e já volto...