20.6.05

A Nova Indústria da Música: Máquinas ou o destino?

Militão de Maya Ricardo –Músico, Jornalista, Produtor Musical e Professor
mrmaya@uol.com.br

O que afinal determina nosso destino? A tecnologia de que dispomos ou o uso que fazemos da tecnologia disponível em determinada época?
Esta questão tem provocado discussões acadêmicas acaloradas. Os discípulos de Harold Innis e Marshall McLuhan defendem o ponto de vista de que a tecnologia disponível configura a organização social e até política. Alguns historiadores tem publicado livros que falam na hegemonia de certos povos em decorrência do domínio de tecnologias mais avançadas.
Vivemos numa época em que a tecnologia é o mito do desenvolvimento econômico. Isto tem sido recitado até a exaustão, embora as evidências hoje sejam que tecnologia não traz desenvolvimento social sozinha. Mesmo assim autores lembram que, por exemplo, as navegações intercontinentais portuguesas só teriam sido possíveis graças ao desenvolvimento da Caravela e que rock and roll como fenômeno de comunicação de massa surgiu com os rádios transistorizados no quarto e nos carros dos adolescentes norte-americanos, os aparelhos toca-discos portáveis e a televisão. E assim por diante.
Outras correntes afirmam que o uso que se faz da tecnologia disponível é definido peas relações humanas e sociais. De certa forma isto faz sentido. É preciso usar a tecnologia disponível. Se não for usada, não fará efeito algum. Mas como e para quem é utilizada faz uma certa diferença. Ainda assim, ignorar mudanças ou a possibilidade de que elas ocorram pode trazer problemas.
A história está cheia de exemplos de povos e organizações que não resistiram ao tempo por não dispor de meios técnicos para se adaptar a condições ambientais adversas. Empresas que foram superadas por resistir a mudanças estruturais em seu ambiente introduzidas com o uso de novas ferramentas e inventos.
No mercado musical a revolução do punk rock nos anos 70 e início dos 80 trouxe a aparição dos selos independente ingleses. Nesta época bons equipamentos de gravação começaram a ser oferecidos pelas fábricas de eletrônicos a preços mais acessíveis. Assim era possível entrar num estúdio e gravar um disco sem depender deu uma grande gravadora, de um grande orçamento. Como a Inglaterra é um país geograficamente pequeno, a distribuição não era nenhum obstáculo. Muitos nomes importantes da época surgiram em pequenos selos para depois ser contratados pelas grandes gravadoras.
Pois a coisa pode ir mais longe. No atual momento uma grande mudança tecnológica afeta a indústria fonográfica no mundo todo. Os progressos da eletrônica e da informática estão oferecendo novas possibidades a músicos, amantes da música, produtores e toda gente que vive de produzir e vender gravações musicais. Existem muitas oportunidades e ameaças no ambiente. Gravadores digitais, computadores domésticos transformados em gravadores e editores de som, venda de CDs pela rede, troca de MP3, divulgação de músicos pela internet, comunidades musicais online, pequenos selos, mercado alternativo digital, etc, etc. Eh a nova versão digital do mundo da música. Este assunto continua na próxima coluna.

5 comentários:

spuldar disse...

Grande Big Milito! Ótima a tua idéia do blog, já tá nos meus favoritos!

Anônimo disse...

Alô Militão,
Seja benvindo à blogosfera. Tenho certeza que será o início de uma nova militância. E vamos juntos de novo!
Abração,
Murilo

Anônimo disse...

Oi Militão!
Fui tua aluna no turismo (IPA), não podia deixar de passar aqui e deixar um recadinho...legal teu blog..ficou show!
Abraço
Daiane

Anônimo disse...

me pergunto: será que é possível dissociar o movimento social do seu aparato tecnológico disponível?

e seja bem-vindo ao mondoblog! abraço!

Anônimo disse...

militão,

vejo que mais um conhecido meu sucumbe ao mundo dos blogs (podia ser pior, um fotolog por exemplo)

me parece que durante muito tempo a tecnologia foi considerado marco para essa configuração realmente por causa do monopolio do conhecimento, mas isso nao diminuiu hoje. é mais facil gravar e ter qualidade sonora, talvez criar a divulgação das musicas mas o poder tecnologico das grandes potencias volta-se a outras escolhas sonoras, como a união das midias naqual pequenas empresas e pessoas menores ainda não alcançam.

em relação ao fato de que a tecnologia não traz desenvolvimento social sozinho, isso me parece sempre ter sido considerado parte integral da tecnologia a sua utilização, ainda que diferente dos propositos originais. nao acredito que caiba ao homem definir paramentros aos fins de seu desenvolvimento, apenas às suas criações.

porem é verdade que o mercado sonoro é viciado em em pequeno numero de parametros agora acessiveis a um numero muito maior de pessoas, o que pode delegar a um numero maior de pessoas as fatias do bolo e, atraves da concorrencia, melhorar o que faz hoje. porem eu acredito que o mercado vai mudar de vicios na saturação de musicas que vão ser jogadas a ele e, dependendo pra onde a maré virar, pode cair no mesmo oceano, que tem (pode ter) se preparado para isso.

pode ser bobagem, mas é o que eu acho.

sorte no blog
Leandro